Uma forma diferente de explorar o mundo




De acordo com o senso 2010, o Brasil tem mais de 500 mil pessoas com cegueira (perda total da visão ou baixíssima capacidade de enxergar). Enquanto muita gente encara este dado apenas como estatística, outras pessoas resolveram arregaçar as mangas para melhorar a qualidade de vida dos deficientes visuais. É o caso da Juliana Romitelli que nos conta a história de sua iniciativa.


Transformando um labrador em cão-guia


Juliana com o cãozinho Eliot
assistindo aula na faculdade

Juliana participou do projeto Cão-Guia, uma iniciativa do Sesi que tem o objetivo de preparar cães para servirem de guias a deficientes visuais. “A minha participação no projeto foi no acolhimento e socialização do filhote, que ficou comigo até completar um ano. Neste período a minha função foi levá-lo a todos os lugares públicos e privados de uso coletivo para se adaptar com ruídos, pessoas e adversidades em geral” conta Juliana.

Juliana se interessou pelo assunto quando conheceu o projeto e soube que estavam precisando de voluntários. Para ela, o maior desafio é que as pessoas, de um modo geral, não conhecem a lei que regulamenta a permanência do cão-guia em lugares como restaurante, shoppings, transporte público (até mesmo táxi) ou empresas de qualquer tipo.

Mas tudo acaba valendo a pena. Juliana conta que o momento que mais a marcou foi o encontro com o filhote a ser treinado, quando conheceu também deficientes visuais que já tinham seus cães-guia em atividade. “Nesses momentos pude ver a autonomia e o controle que o deficiente visual possui sobre seu cão-guia. E assim que ele tira o arreio (alça onde o deficiente visual segura o cão) ele se torna um cão “normal” que brinca e pede carinho como todos os outros” admira-se ela.


O lado deles

Para os deficientes visuais, as maiores dificuldades do dia-a-dia são as vias públicas com ruas e calçadas inadequadas ou semáforos sem sinalização sonora. Isso faz com que sempre demorem mais tempo para se deslocar do que uma pessoa sem necessidades especiais, além de frequentemente precisarem que outras pessoas os guiem. Então, como nós podemos ajuda-los em nosso dia-a-dia? Emerson e Edimilson explicam o que fazer:

Emerson: Primeiramente, identificar-se ao deficiente e perguntar se ele precisa de ajuda. Nunca pegue no deficiente visual e sim ofereça o seu braço para que ele segure, quando for guiá-lo avise-o sobre os obstáculos e oriente sobre o ambiente que se encontra e avise quando for embora. Não tenha receio de usar palavras como “veja” e “olhe”. Nem você nem o deficiente podem evitá-las, pois não existem outras palavras para substituí-las.

Edimilson: Para ajudar uma pessoa deficiente visual a atravessar uma rua, ofereça o seu cotovelo ou o ombro para que ela possa segurar. Ao colocar uma pessoa cega sentada mostre onde está o assento, no caso de uma cadeira procure mostrar se ela possui braços.