No dia 19 de abril o Brasil celebra o dia do índio. A data foi criada através do decreto-lei 5540, em 1943, durante o governo do presidente Getúlio Vargas. A ocasião foi escolhida levando em conta a realização do Congresso Indigenista Interamericano, que ocorreu em 19 de Abril de 1940, organizado no México. O evento criou o Instituto Indigenista Interamericano, que visa proteger os direitos dos indígenas da América. Assim, o dia do índio é um momento de reflexão a respeito da situação dos povos indígenas brasileiros, bem como suas contribuições para a sociedade mundial.

Contribuições culturais

Muitos costumes e influências dos índios permeiam a cultura brasileira e contribuíram para a cultura mundial. Além de domesticar plantas nativas, como o feijão, a mandioca, o amendoim, a batata-doce, dentre outras, o uso de plantas para medicação é uma forte influência indígena na sociedade moderna.

Na língua portuguesa o legado é de cerca de 20 mil palavras de dialetos indígenas incorporadas ao vocabulário português. Outra contribuição importante, e pouco reconhecida, é o costume do banho diário. O banho, que é um fator significativo para evitar doenças e contaminações em massa, não era uma prática dos povos europeus, e aos poucos passou a ser incorporado mundialmente.

Situação dos indígenas no Brasil

Dados revelam que a população indígena atualmente no Brasil é composta de aproximadamente 250 povos, com 896.000 indivíduos (o que corresponde a 0,47% da população brasileira). Desse número, cerca de 500 mil vivem em aldeias espalhadas por quase todos os estados brasileiros (com exceção dos estados do Piauí, Rio Grande do Norte e do Distrito Federal), sendo que 60% vive na região da Amazônia.

Existem, no entanto, muitos grupos que aguardam o reconhecimento de sua condição indígena pelos órgãos governamentais, além de cerca de 50 grupos não contatados, que vivem em total isolamento. As terras indígenas são divididas em 705 áreas, ocupando a extensão total de cerca de 108.429.222 hectares. Isso que corresponde a 12,54% do território nacional, mas há muitas áreas em disputa.

Desde a década de 1980 a população indígena brasileira tem aumentado, com uma taxa de crescimento de cerca de 3,5%. O crescimento dá-se devido à taxa de natalidade acima da média nacional, somado ao acesso aos serviços de saúde que diminuíram a mortalidade indígena.

Trabalho voluntário com populações indígenas

Reconhecendo a importância de conservar a cultura indígena e suas tradições, há diversas formas de ajudar os índios de nosso país. Um exemplo é o projeto voluntário realizado pela organização sem fins lucrativos Expedicionários da Saúde, que leva um centro cirúrgico até as aldeias indígenas do Amazonas e atende a população no local.

Também na área de saúde o Projeto Xingu trabalha com populações indígenas, e é promovido pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. O projeto organiza atendimentos ambulatoriais aos índios e campanhas de vacinação nas comunidades. Devido ao isolamento de muitas das comunidades indígenas, o deslocamento dos índios para centros urbanos é difícil e custoso. Desse modo, os projetos da área de saúde são especialmente importantes, pois tornam os tratamentos e cirurgias mais acessíveis e consequentemente melhoram a qualidade de vida dos membros das tribos.

Outro exemplo de trabalho voluntário com populações indígenas foi a iniciativa Hora de Brincar, organizada pelos voluntários do Bradesco na Aldeia Indígena São João, onde a equipe realizou atividades de recreação e lazer com as crianças e jovens da comunidade.

Concurso de Bambolê realizado pelo grupo de voluntários do Bradesco na Aldeia Indígena São João

É possível também realizar a doação de materiais escolares e de higiene, roupas, calçados e alimentos não perecíveis às comunidades. No entanto, especialistas recomendam que o trabalho voluntário com populações indígenas seja feito com o acompanhamento de antropólogos, para que o contato seja benéfico e não invasivo, garantindo o respeito aos costumes e tradições indígenas.