Música pela Mudança




Em 17 de setembro, um movimento internacional nascente promoverá uma ação social por meio da música. Instrumentistas e cantores de diversos países farão apresentações para promover o “Playing for Change Day” (Dia de Tocar pela Mudança, em tradução livre), evento organizado pela fundação norte-americana “Playing for Change”, que busca angariar fundos para projetos sociais ligados à arte na África e na Ásia.

De acordo com a organização não governamental, 172 eventos estão programados em dezenas de países – 8 deles no Brasil. Músicos de diferentes nacionalidades farão apresentações gratuitas ou pagas em teatros, casas noturnas e áreas públicas para estimular as pessoas a doarem recursos para a fundação. Alguns eventos serão transmitidos pela internet e pode ser acompanhados pelo site do evento. Doações também podem ser feitas por meio do canal.


Imagem de John Lennon, cujo uso foi autorizado
por Yoko Ono para o evento

Atualmente, há sete iniciativas em andamento – três no Nepal, uma em Gana, África do Sul, Mali e Ruanda. Nelas, são atendidas 600 crianças que, além de aulas de música, recebem alimentação, roupas, atendimento médico, livros e reforço escolar. O trabalho ainda inclui a construção de escolas, o emprego de profissionais locais e geração de renda por meio da música, como apresentações e fabricação de instrumentos.

Até o fim do ano, a meta é ter dez programas, que beneficiem 750 estudantes e criem ao menos 150 empregos.

Criada há dez anos por um grupo de jovens documentaristas que rodavam a África em busca de sons e imagens para compor um filme sobre a música do continente, a Playing for Change Foundation hoje conta com 17 membros e apoio de grandes artistas, como Yoko Ono. A ex-mulher de John Lennon autorizou o uso da imagem do beatle nas campanhas e busca mobilizar artistas em prol da causa. Outros artistas, como Cindy Lauper e Patti Smith, já organizaram eventos em benefício da fundação.

Um brasileiro participante do Playing for Change Day

O instrumentista e compositor paulista Edu Marron será um dos brasileiros a participar do Playing for Change Day. No dia 17 de setembro, às 16h, ele se apresentará com sua banda na galeria Almadomar, em São Paulo (Rua Harmonia, 150, Pinheiros – grátis). Nesta entrevista, ele conta como conheceu o movimento e aponta como a música pode melhorar o mundo.


O músico Edu Marron, que participará
do evento, em apresentação

Portal do Voluntário: Como ficou sabendo do evento e como se envolveu com ele?

Rdu Marrom:
Há uns dois anos eu vejo os vídeos deles na internet e percebi que são pessoas sérias, engajadas e interessadas em ajudar o próximo. Na minha música, eu sempre falei da luta para viver, de não desistir e correr atrás do que acreditamos e sempre fazer o bem. Daí me interessei pela proposta.

PV: O que espera do evento?

EM:
Espero poder contribuir um pouco. Sei que não é muito, mas se cada um fizer sua parte se torna grande e significativo pra todos.

PV: Como está mobilizando as pessoas para o show?

EM:
Estamos divulgando através das redes sociais, do twitter, flyers virtuais, contato entre amigos etc. Hoje a internet é nossa maior ferramenta pra espalhar rápido nossas ações. Sabendo usá-la bem, ela age a nosso favor.

PV: Seu repertório terá algo especial para a data?

EM:
Tocaremos sons nossos que falam muito sobre questões sociais, sobre melhoras, sobre esperança e fé. Tocaremos alguns sons também que a gente gosta bastante de outros músicos que falam coisas boas e positivas.

PV: O evento busca angariar fundos para projetos musicais em diversos países. Há uma expectativa de arrecadação no Brasil?

EM:
O Playing for Change procura arrecadar recursos através do site. Nosso papel é fazer o som e pedir contribuições. Como eu disse, cada um ajudando um pouquinho vira um montão.

PV: Como vê a participação dos músicos brasileiros no evento?

EM:
Vejo que no Brasil poucos vão participar. Acho que o movimento ainda não é muito conhecido por aqui. Se fosse mais divulgado, com certeza muita gente boa da cena alternativa também faria parte.

PV: O que falta para mais pessoas participarem?

EM:
Sinto que falta um pouco de interesse dos artistas da grande mídia. Tenho a impressão que isso não importa pra eles, pois esse não é um evento para aparecer e sim fazer a diferença. Sei que não vamos revolucionar o mundo, mas vamos fazer nossa parte, contribuir com algo bom.

PV: Como você vê a relação entre música e a possibilidade de melhorar o mundo?

EM:
Sem música, a vida seria sem graça. É um meio de comunicação importante e mais músicos deveriam se engajar. A música inspira as pessoas, traz alegria, vida e pode abrir caminhos, levar a mensagem pra qualquer lugar, qualquer canto. O microfone e os instrumentos são o nosso meio de divulgar o bem.