Drogas: abuso deve ser combatido com a família




A dependência química é hoje um dos maiores problemas vividos pela sociedade. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), ao menos 15,3 milhões de pessoas possuem alguma desordem grave relacionada ao abuso de substâncias psicoativas, como álcool e cocaína, em todo o mundo. O abuso causa mortes e dificuldades aos usuários, além de afetar a vida de pessoas próximas. Atentas à questão, algumas entidades que trabalham com voluntariado oferecem tratamento gratuito a dependentes e familiares.

O envolvimento de parentes no tratamento é visto como fundamental, pois são eles quem mais convivem com os usuários e os mais capazes de oferecer suporte. “Acreditamos que ao mudar a atitude do familiar, podemos ajudar o adicto”, explica Neusa, voluntária da organização Nar-Anon no Rio de Janeiro que prefere não dizer o sobrenome para manter sua privacidade.

A orientação é feita por meio de conversas, que acontecem em um local preparado por um coordenador voluntário, em geral uma pessoa mais experiente no grupo. Filmes e livros também fazem parte da metodologia, desenvolvida nos EUA. Há ainda material de apoio, cujo conteúdo é aprovado anualmente em conferências internacionais da organização, presente em todos os continentes. No Brasil, há grupos em vários estados, com maior concentração no Sul e no Sudeste. O número de participantes varia de acordo com a localidade e com o histórico do grupo.


Amor Exigente


Quem também está bastante presente no país é a ONG Amor Exigente. Segundo o presidente da entidade, Carlos Alberto Ribaldo, há hoje 564 grupos atuantes no Brasil, além de 12 no Uruguai e três na Argentina. “Atuamos em todos os estados da Federação e mais Distrito Federal”, afirma. “Atendemos em média 100 mil pessoas por mês, entre adictos, familiares e amigos”.

Como a Nar-Anon, a Amor Exigente foca bastante nos familiares. A metodologia também é baseada em conversas com grupos de familiares, que discutem seus problemas e buscam uma solução em conjunto.

A organização trabalha a origem dos problemas com drogas, partindo do princípio que o abuso dessas substâncias é consequência da atual configuração da sociedade e que o comportamento dos pais afeta o dos filhos e vice-versa. Assim, de acordo com os preceitos da Amor Exigente, as relações precisam enfatizar uma mistura de cooperação, amor e disciplina para que a adicção seja superada. Carinho e imposição de limites são enfatizados nas reuniões, que reúnem pessoas de todas as idades.

Recentemente, a organização, ativa há 27 anos, iniciou cursos de prevenção em escolas, voltados a adolescentes. “O programa os ajuda a resgatar os valores familiares e a aplicá-los como forma de escolha na sociedade consumista e desestruturada onde vivemos”, diz a cartilha da entidade.


Voluntários

Ambas organizações trabalham apenas com pessoal voluntário, motivado pelo sucesso na resolução de questões pessoais e familiares. Ainda que estejam em amplo crescimento – o que, segundo elas, retrata a qualidade da metodologia mas também o triste lado do aumento do abuso de psicoativos – tanto Nar-Anon quanto Amor Exigente dizem que quanto mais voluntários, melhor. “Precisamos de todo o tipo de serviço”, diz Neusa, da Nar-Anon. “De tradução à oferta de espaço para as reuniões”. “Necessitamos voluntários com vontade de se capacitar e ajudar os outros”, resume Ribaldo.


Entre em contato com as organizações:

bq. Nar-Anon: (21) 2263-659

bq. Amor Exigente: A lista de telefones das regionais está disponível em http://www.amorexigente.org.br/busca-grupos/applications/RegionaisList.asp